Neste mês, duas pesquisas nacionais, realizadas pelos institutos Gerp e Paraná Pesquisas, revelaram dados sobre a avaliação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com destaque para a crescente divisão de opiniões entre os brasileiros.
A aprovação do presidente varia entre 38% e 46%, mas, em ambos os levantamentos, a desaprovação supera os 50%, refletindo um cenário de desafios para o governo na busca por maior apoio popular.
A pesquisa realizada pelo instituto Gerp, entre os dias 11 e 15 de janeiro, ouviu 2 mil pessoas por telefone. Os resultados apontaram que 38% dos brasileiros aprovam a gestão de Lula, enquanto 50% desaprovam e 12% não sabem ou não responderam.
Por outro lado, o levantamento da Paraná Pesquisas, feito entre 7 e 10 de janeiro com 2.018 entrevistas presenciais, registrou uma aprovação de 46,1%, com 50,4% de desaprovação e 3,5% de indecisos. Ambos os estudos indicam uma disparidade de opiniões que evidencia o desafio do governo em consolidar apoio popular.
Diferenças regionais
Ambas as pesquisas destacam grandes diferenças regionais no apoio ao governo. A Gerp mostrou que o Norte do Brasil é a única região em que a aprovação supera a desaprovação: 49% dos entrevistados no Norte aprovam o governo de Lula, enquanto 36% desaprovam.
No Centro-Oeste, a desaprovação é mais acentuada, com 61% de reprovação. Já no Nordeste, tradicionalmente um reduto de apoio ao PT, os números são equilibrados: 44% aprovam e 46% desaprovam o governo.
A Paraná Pesquisas, por sua vez, revela que o Nordeste continua sendo a região com maior aprovação, atingindo 51,6%. No entanto, o Sul do país apresenta o pior desempenho para o presidente, com apenas 34,7% de aprovação.
Perfil social e desafios econômicos
As pesquisas também indicam variações no apoio conforme diferentes perfis sociais. A pesquisa Gerp aponta que os jovens entre 16 e 17 anos são o único grupo em que a aprovação (49%) supera a desaprovação (35%). Em contrapartida, entre pessoas de 25 a 34 anos, a desaprovação atinge 59%, sendo o maior índice entre as faixas etárias analisadas.
Na Paraná Pesquisas, o levantamento mostra que pessoas com ensino fundamental apresentam a maior taxa de aprovação, com 57,4%, enquanto aqueles com ensino superior possuem a menor aprovação, com 40,3%. Esses números indicam que a aprovação ao governo é mais forte entre as camadas mais baixas da população, mas encontra resistência entre as faixas etárias mais velhas e com maior nível de escolaridade.
O cenário de alta desaprovação do governo é reflexo de vários fatores, incluindo questões econômicas e políticas. A alta inflação, a falta de crescimento econômico e os recentes desafios fiscais têm gerado insatisfação na população.
Além disso, a implementação de novas normas da Receita Federal, a disseminação de desinformação sobre mudanças fiscais, como a suposta taxação do Pix, e a discussão sobre a reforma tributária e a taxação de grandes fortunas têm intensificado as críticas.
Desastres naturais e ambientais
Outro ponto de tensão para o governo é a gestão de crises em áreas como infraestrutura e meio ambiente.
O impacto das chuvas extremas no Rio Grande do Sul e os incêndios na Amazônia, durante o ano de 2024, geraram críticas sobre a eficiência do governo em lidar com situações de emergência e em promover políticas públicas para a preservação ambiental.
A desaprovação também é visível entre aqueles que tradicionalmente apoiam o PT. A pesquisa Gerp revelou que 57% das pessoas que recebem até um salário mínimo, grupo geralmente aliado ao Partido dos Trabalhadores, desaprovam o governo Lula, o que representa um sinal de que as políticas sociais e econômicas estão gerando desconforto entre os mais pobres.
Esses números indicam que, apesar do apoio contínuo de algumas regiões e grupos, o governo de Lula enfrenta um cenário desafiador com a elevada taxa de desaprovação.