Manaus enfrenta uma escassez de peixes devido à seca que atinge o Amazonas, é o que aponta a Federação de Pescadores do Amazonas (Fepesca-AM).
O Porto de Manaus divulgou, nesta quarta-feira (25), que o Rio Negro mediu 14,11 metros, ficando a apenas 1,41 metros da mínima história registrada no ano passado, de 12,70 metros, em 26 de outubro.
Com o nível do rio reduzido, muitos pescadores enfrentam dificuldades para chegar em lagos ou calhas que ainda concentram uma quantidade maior de peixes, e isso acaba influenciando no valor final do produto, que é repassado ao cliente.
“A gente precisa de — no mínimo — 2,5 metros para fazer a navegação. Nós estamos com dificuldade de pescar nas grandes calhas, nos grandes rios, e trazer para a produção. Quando há redução de produção, a tendência é aumento no preço do pescado. Lei da oferta e a lei da procura”, destacou o presidente da Fepesca-AM, Walzenir Falcão.
Lei da oferta e procura
Quem já sente esse aumento é a população. Nas grandes feiras, é possível notar o encarecimento do pescado, como pontua a professora Rosana Cavalcante.
“Sou acostumada a comprar peixe na feira do meu bairro aos domingos, e já percebi que ficou mais caro. A banda de Tambaqui, por exemplo, eu comprava de R$ 50. Agora só acho de R$ 70 para cima”, disse.
Esse aumento de preço, apesar de esperado devido ao cenário, compromete o bolso das famílias amazonenses, que terão que se adequar ou procurar outros alimentos para compor suas refeições.
“Eu sempre comprei Jaraqui. Antes eu comprava uns 5/6 por R$ 20. Esses últimos dias eu só achei essa mesma quantidade por R$30 e R$50. Não sei até quando eu vou continuar comprando se aumentar desse jeito”, afirmou a dona de casa, Rosângela Silva.
Defeso
Com a atividade de pesca comprometida, das poucas espécies que sobrevivem às consequências da estiagem, o Amazonas ainda se prepara para iniciar o período de defeso, no dia 15 de novembro. A época é voltada para a preservação de certos peixes, que não poderão ser pescados.
“Estamos buscando interagir com o governo federal, no sentido que a gente possa ter um estoque regulador para o período do defeso, a gente possa fazer na grande safra esse armazenamento, e consiga vender esse estoque”, informou Falcão.
Morte de peixes
Após a seca histórica registrada em 2023, os pescadores se veem em um mesmo cenário com a estiagem de 2024. No ano anterior, as manchetes de jornais registravam cardumes mortos em Tefé, por exemplo, onde a temperatura da água chegou a 39ºC.
Neste ano, o mesmo fenômeno foi observado no Lago do Piranha, zona rural de Manacapuru, onde pescadores se depararam com vários peixes mortos boiando no local.
“A gente já está preocupado, porque em Tefé já está morrendo boto, em Coari também, outros municípios, está com essa mortandade de peixe. Nós vemos isso com muita preocupação, porque quando morre grandes cardumes, a tendência é ter uma redução naquele local, o pescado leva tempo para ser colocado na mesa do consumidor. Tem toda uma legislação a ser seguida, tem um tamanho de cada espécie que pode ser percada. O que aconteceu ano passado, já nos preocupa, porque alguns municípios estão com o mesmo indicativo”, finalizou Walzenir Falcão.