Em um evento realizado nesta terça-feira (10), a Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro), coordenou e expôs materiais alusivos à campanha “Setembro Amarelo”, no Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, dentre os quais alguns em total desacordo com a própria campanha onde se trata de um assunto tão sério como a saúde mental e medidas de enfrentamento e prevenção ao suicídio. Atualmente, a Fametro é comandada pela candidata a vice-prefeita de Alberto Neto (PL), a reitora Maria do CarmoSeffair (Novo).
Em um cartaz havia os dizeres: “ei se matar é
paia ó, se mate não”. Nele, havia a logo da instituição, com a monitoria de um professor do curso de Design. Em outro, havia a afirmativa: “Dose de auto estima” junto a um chiclete e outra mensagem: “Doses de auto estima podem viciar e fazer você conquistar o mundo.”
Em uma publicação nas redes sociais, a Fametro afirma que o Setembro Amarelo é um momento de reflexão e ação e que promove um ambiente acolhedor e seguro para todos. Porém, para uma aluna do curso de medicina veterinária que não quis se identificar, a instituição ignora que esse material distribuído banaliza o problema da depressão, uma vez que minimiza a luta das pessoas que enfrentam esse mal ao cobrar uma solução de quem está sofrendo.
“A campanha, que deveria ter um cunho sério, deu lugar a uma campanha engraçada e jocosa. As campanhas deste assunto, ao contrário do ocorrido, devem ter responsabilidade de serem campanhas sérias, com atitudes responsáveis como a instrução da procura pela pessoa de um profissional habilitado para acompanhamento do aluno”.
Segundo o postado nas próprias redes sociais da instituição, o evento onde o material foi exposto foi realizado no Auditório do G2, Unidade 5, localizado na Av. Constantino Nery, sendo organizado pela Liga em Saúde da Família, em
parceria com os cursos de Psicologia e Serviço Social.
Dados sérios e alarmantes
Diferentemente da narrativa utilizada em alguns materiais da instituição, a depressão é uma doença séria que precisa de tratamento médico. No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 38 pessoas cometem suicídio todos os dias no país. Desse modo, o assunto precisa ser tratado com seriedade e de forma recorrente, e não como um tabu.
Outro ponto importante é que o Amazonas tem um recorde de suicídio entre povos indígenas e originários. Um estudo publicado em fevereiro deste ano, liderado por pesquisadores da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que os indígenas tiveram a maior taxa de suicídio do país em 2022, com 16,58 casos por 100 mil habitantes, contra 7,27 da população em geral. Isso tem como resposta a falta de acesso básico de saúde mental e falta de psicólogos a estas populações.
Segundo especialistas, a depressão também é um processo químico que traz alterações hormonais, então é importante que se atue de um caso de forma multidisciplinar, com a atuação de um psicólogo, psiquiatra e um
médico, pois a doença traz alterações hormonais e até ausência de vitaminas no corpo devido à baixa exposição ao sol.
Ninguém finge ter depressão então caso precise de ajude ou veja alguma pessoa próxima dando sinais desta doença, as pessoas precisam de acolhimento e solidariedade – em um certo limite enfatizando que a pessoa busque ajuda profissional. A pessoa também pode ligar pro número 188 (Centro de Valorização da Vida), ter cuidado com a automedicação (pois antidepressivos são medicamentos que podem viciar) e buscar ajuda de um profissional.
Fonte: Radar Amazônico