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Espaço urbano do #SouManaus2023 fortalece protagonismo feminino na capoeira, na música e no rap

Ela começou impactando. Proferiu em alto e bom som que “a carne mais barata do mercado é a carne negra”, em referência a Elza Soares. A DJ Magga Rocha, 29 anos, abriu o palco do espaço urbano na segunda noite do maior festival de artes integradas da região Norte, o #SouManaus Passo a Paço 2023, da Prefeitura de Manaus, nesta quarta-feira, 6.

A DJ foi uma, dentre as mulheres que protagonizaram a noite no espaço urbano. Durante uma pausa no set-list, ela discursou, defendendo o destaque ao movimento negro no festival.

“A nossa luta é todo dia contra o racismo. Então, poder subir em um palco como esse e levantar nossas pautas é algo grandioso, porque sabemos que nosso país ainda criminaliza pessoas negras e indígenas. Conseguir esse espaço no maior festival cultural da nossa cidade, se não até desse século, é gratificante”,

disse.

Na sequência, a Associação de Mulheres em Conexão apresentou vários duelos de capoeira. “A gente coloca as mulheres para gingar. Da mais velha à mais nova, sem distinção. É uma forma de empoderá-las”, explica Jardine de Carvalho, coordenadora do coletivo.

Apesar de recém-criado, em seis meses, o coletivo acolhe 45 mulheres, que, uma vez ao mês, se reúnem na casa de Jardine, no bairro Cidade de Deus, zona Norte, para duelar.

“Elas fazem parte de oito grupos, que vêm do Aleixo, Cidade Nova, do Novo Aleixo, Zumbi dos Palmares, Nova Cidade, do Alvorada, Coroado e do Centro. Não há barreiras para a gente. A vontade de lutar é maior”,

defende.

“A gente vê a iniciativa até como uma forma de prevenir casos de violência doméstica e de tirar elas da zona de conforto, torná-las donas da própria vida. É um coletivo de mulher”,

acrescenta.

Elas variavam de “esse quilombo é meu, esse quilombo é seu. Esse quilombo é nosso”, para “mulher na roda não é pra enfeitar. Mulher na roda é para jogar”. Em duelos alternados, mulheres experientes jogavam contra adolescentes e até crianças. Para o público, uma performance envolvente.

“Não tem como não parar e ficar olhando. Elas têm gingado e são bem entrosadas. Achei interessante a apresentação de um grupo só de mulheres”,

relata Valzinha Nunes, 48 anos.

“Meu gosto pelas apresentações locais iniciou-se no largo São Sebastião. Foi o pontapé para eu começar a gostar e apreciar ainda mais a nossa cultura rica”, complementou.

Na música, Luísa Ribeiro, conhecida por “Corama”, apresentou repertório diversificado e voltado à música pop nacional.

“Eu não esperava que o público fosse tão receptivo com a minha apresentação. É um público totalmente diferente. Justamente por termos esse público diversificado, que nós montamos um repertório superacessível a todas as idades e estilos”,

afirmou Luísa Ribeiro.

Uma curiosidade, segundo ela, é que “Corama” foi o nome artístico atribuído pelo produtor musical, em alusão a uma planta da Amazônia. “Casou com a música, a sonoridade”, revela.

Em sua oitava edição, o festival, realizado pela Prefeitura de Manaus, promovido pela ManausCult, fomenta diversos segmentos culturais, tendo, só neste ano, o significativo aumento em mais de 580% do número de artistas locais nos palcos em relação à primeira edição, em 2015.